segunda-feira, 23 de novembro de 2009

● aos sobreviventes:

Aqui vai um guia prático de como sobreviver no dia do vestibular e na semana seguinte - a crítica, espero eu, está implícita.

Não se preocupe se você está sozinho, com várias escolas com pontos de apoio no seu local de prova e ninguém da sua escola deu a mínima para você. Eles só estarão dando água e chocolate de graça. Água você tem em casa e chocolate, bom... É.
Quando chegar na sua sala não se preocupe se só tem você sozinho da sua escola lá na sala, ou se as cadeiras são desconfortáveis ou se a sala é quente como o inferno, a última coisa que você vai se importar quando estiver tentando ler as questões de matemática é com isso.
Na hora da prova, é o que Deus quiser mesmo.
Ah, e quando o(a) fiscal desejar boa sorte para todos, mande ele(a) ir se lascar. Se todos tiverem sorte e forem bons na prova, sua pontuação será baixa e já era, playboy.

Agora, meus queridos leitores, é a parte mais difícil do seu dia: sair da sala.
Saia correndo feito louco e não pare para ninguém, e se isso for inevitável, prepare-se para uma enxurrada de perguntas sobre como você foi ou se gostou da prova. Por via das dúvidas diga que adorou e vá pra casa.
Em casa, muita hora nessa calma pelo amor de Deus! Hora de conferir o gabarito. Feche os olhos e faça uma oração. Está na prova de física ou matemática e já está conferindo a oitava questão e não tem nenhum acerto?! Calma, ou você zerou ou só acertou uma questão mesmo. As duas alternativas são uma merda, eu sei, mas, na primeira, só assim você não perderá mais tempo conferindo as respostas das outras questões. Na segunda alternativa, você ainda tem alguma esperança no fundo do poço.

Pronto. Conferido o gabarito? Agora vai vir aquele bando de gente insuportável perguntando quantas questões você acertou - sim, exatamente aquelas pessoas que ficam esperando você responder para você perguntá-las sua pontuação e estas responderem o dobro que você. Esse tipo de pessoa adora esse tipo de prazer e não hesite em estragar a felicidade dela. Se esta pessoa é uma nerd desgraçada que se acha, diga um número altíssimo (65 questões certas de 68). Garanto a você que a cara que esse(a) nerd desgraçado(a) vai fazer é melhor que o chocolate que a escola na qual você não estuda distribuiu de graça. E depois, logicamente, pergunte a pontuação dele(a). Quando ela disser um número mais baixo que o seu, você poderá enfim dizer "ah, foi boa", e dar uns tapinhas no ombro dele(a).
Na primeira aula após a prova, diga que a adorou e que conseguiu fazer todas as questões, sobrando tempo.

Agora quando sair o resultado oficial e todos verem sua real pontuação, dê uma de doido.



P.S.: aí do lado, à sua direita, já estamos postando novas pequenas críticas sobre filmes.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

● aos passageiros:

Saí do colegio (sem acento. Pergunte aos alunos do Marista o por quê) e caminhei até a parada de ônibus. Que legal, pegar ônibus! Não poderia pegar carona de volta com meu pai, já que ele tinha compromisso, e a mulher da van simplesmente não podia me pegar. Então esperei meia hora meu querido ônibus que só passa uma vez por hora. Dei o sinal para o motorista parar e ele foi parar uns 10 metros depois. Comecei a correr e quando já estava chegando na porta, o cara simplesmente acelerou e foi embora. Tive que pegar um outro ônibus que não passa na minha casa, para descer 1 km de distância e ir andando o resto do caminho no sol escaldande e cancerígeno - mas não antes de pegar um enorme engarrafamento na Av. Epítacio. Detalhe que eu nunca tinha pego um engarrafamento naquela avenida nesse horário.

Gente, o que é isso?! Como é que eles reclamam tanto que as pessoas devem deixar os carros na garagem e andarem de ônibus para combater o aquecimento global?! Quem é que quer andar nessas drogas de transportes públicos que fedem, lotados, demoram a passar, demoram a chegar no destino, e são desconfortáveis? Nós, humildes cidadãos, temos que abrir mão do nosso carro com ar-condicinado pelo bem do planeta, mas nossos majestosos governantes simplesmente não podem abrir mão do dinheiro roubado para melhorar o transporte público. Isso não lhes parece injusto?

Não quero parecer alguém revoltado, só queria afogar minhas mágoas pelo motorista que não parou para mim e para tantas pessoas por aí nesse país. E aproveitar para criticar os ônibus públicos, também.

Mas talvez esteja tudo bem, talvez não haja nenhum problema. Talvez o fato de o motorista não ter parado para mim tenha sido apenas um acontecimento azarado decorrente da data de hoje - sexta-feira 13.

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P.S.: aí do lado, à sua direita, já estamos postando novas pequenas críticas sobre notícias e livros, deem uma conferida e um comentário.